quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Os Vencedores


  O filme escolhido para hoje é "The Fighter", que em português recebeu o título "O Vencedor" de David O. Russell.
  "O Vencedor" trata da história de vida do lutador Dicky Ecklund (Christian Bale), um famoso lutador de boxe na década de 70 do século passado, que se afundou em seu vício pelo crack, tornando-se decadente e esquecido. Décadas depois a HBO resolve fazer um filme sobre ele, o que movimenta toda a família em prol de uma suposta volta de Dicky aos ringues. O problema é que esse video não trata-se de uma produção benéfica para Ecklund, mas sim um documentário em que mostra a realidade de um usuário de crack. Mas o real motivo, não é empecilho para a sua família provocar um alarme na cidade.
  Em contrapartida, o filme fala da história do irmão mais novo de Dicky, Micky Ward (Mark Wahlberg). Ward aprendeu tudo com seu irmão Ecklund, no entanto não obteve tanto sucesso como o primogênito masculino da família. Após 10 anos de carreira mal sucedida, Micky muda de empresário e treinador, o que dá uma guinada de 360° em sua vida profissional, que tem a contribuição também de sua nova namorada, Charlene Fleming (Amy Adams). Juntamente a eles dois existe a figura materna, e talvez meio descompensada, de Alice (Melissa Leo), uma mãe que ignora os problemas de vício do seu filho Dicky,  em nome do grande amor que tem por ele, subestima o outro filho Micky, além de ter parido cerca de 6 filhas. Sem esquecer que ela é também a empresária de seus dois filhos boxeadores.
  Ward se envolve amorosamente com Charlene, que é quem começa a centrar a vida do rapaz. O que é levado como um afronte pela família do mesmo. No entanto, se não fosse a jovem Fleming, boa parte dos novos acontecimentos na vida da personagem de Mark, não teriam ocorrido. Ward aceita um novo empresário e um novo treinador, o que tira dessas ocupações Alice e Dicky, respectivamente. Ele tem o seu irmão preso, e resolve visitá-lo. Ao contar o novo rumo de sua vida para Dicky e seus planos de futuras lutas, o irmão viciado começa a lhe dar dicas sobre como Ward derrotar os próximos adversários. Chateado com o seu ídolo, a parsonagem de Wahlberg vai embora da prisão aos berros. Contudo em cima do ringue e apanhando bastante, ele resolve seguir os conselhos de Ecklund, que o fazem ganhar as lutas. Essa rendeção ao raciocínio astuto de seu irmão, faz Micky trazer a participação de sua família novamente à sua carreira.
  Bom, "O Vencedor" trata de uma bela história entre dois irmãos, o ídolo e o seguidor, e a bravura da matriarca, e todas as dificuldades enfrentadas para que se alcance uma melhoria de vida. Está certo, o filme atinge bastante o seu objetivo, que não é o de fazer o publico sair choroso da sala de cinema, mas refletir, através do que seria a nova catarse proposta por Brecht, sobre até que ponto se vai um amor materno e um fraterno e suas intromissões em uma vida alheia, independente de fazerem parte da mesma família. É sim, um filme bastante tocante nesse aspecto, como também no comportamento de pessoas de uma mesmo seio social, que por não saberem lidar com os problemas físicos e psíquicos de um dependente químico, fingem não saber do assunto. Em contrapartida até os primeiros 55 minutos de exibição, o filme é cansativo e tediante pela ênfase absurda ao documentário que estão gravando sobre Dicky. Certo que concordo que se mostre isso no filme, já que é um fato importante na vida desse ex-boxeador e viciado em crack, mas o roteiro têm histórias paralelas tão importantes quanto que ficam apagadas até esse momento, o que torna massante a linguagem meta-linguística presente na película.
  Passados esses primeiros 55 minutos, o filme toma uma nova roupagem, muito mais atraente e instigante, o que faz o telespectador adentrar ainda mais nessa espécie de catarse racional. O foco narrativo muda de direção. Ao invés de ser voltado para Dicky, é seu irmão Micky que toma conta das emoções do publico presente na sala de cinema. A construção de um novo rumo para a carreira da personagem vivida por Mark, dá o que dizemos de um "up" na película. A produção fica dinâmica, envolvente, intrigante, desafiadora para quem assiste, provocando, até quem sabe, alguns pulos na poltrona do cinema e também, talvez, até alguns socos e ganchos ensaiados, como se fosse possível auxiliar Micky ganhar as lutas. Ao meu ver, é a partir desse momento que o filme ganha vida e merece, sim, as indicações ao Oscar e prêmios recebidos nos mais importantes festivais de cinema no mundo.
  "The Fighter" teve 7 indicações ao Oscar 2011, que algumas delas são as de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator Coadjuvante com Christian Bale, Melhor Atriz Coadjuvante com Amy Adams e Melissa Leo, Melhor Roteiro Original, Melhor Montagem. Ele recebeu também o Globo de Ouro de 2011 nas categorias de Melhor Ator Coadjuvante e Melhor Atriz Coadjuvante e o prêmio Screen Actors Guild Awards, do Sindicato de Atores de Hollywood, também nas categorias de Melhor Ator Coadjuvante e Melhor Atriz Coadjuvante.
  Voto em Bale e Leo como os melhores atores coadjuvantes desse ano, sim, a ganharem o Oscar 2011 nas respectivas categorias. Eles simplesmente dão um banho de interpretação com suas atuações e mostram a excelente qualidade profissional que têm, e não frustram nas prováveis expectativas do diretor e muito menos na dos telespectadores. Quem quiser conferir o que afirmo, por favor dirija-se à sala de cinema mais próxima e se deleite com o filme e a interpretação de ambos. Entretanto não posso deixar de frisar a também atuação do polêmico ator e cantor Mark Wahlberg. É da história que sua personagem conta, que o filme adquire um novo ritmo.
  "O Vencedor", produzido em 2010, tem direção de David O. Russell, roteiro de Scott Silver, Paul Tamasy e Eric Johnson, direção de fotografia de Hoyte Van Hoytema, direção de arte de Laura Ballinger, musica de Michael Brook, figurinos de Mark Bridges e tem duração aproximada de 114 minutos, incluindo os créditos finais.

Texto: Ricardo Montalvão


  P.S. (Direito de Resposta):
  Venho esclarecer aos desinformados que fazem acusações à minha pessoa de reproduzir pensamentos alheios sobre os filmes que posto nesse blog, fica a informação de que as referências citadas, servem apenas como embasamento teórico dos verdadeiros críticos de cinema no Brasil. A bibliografia serve apenas para nortear e dar credibilidade aos meus pensamentos, ou como explica o próprio nome do blog, às minhas impressões filmícas. Estudo Licenciatura em Teatro, além também de Dança Moderna e Contemporânea e Semiótica, portanto, desinformados, procurem ler a lateral direita do site, na parte "Perfil", para perceberem de onde tiro minhas conclusões que são postadas aqui. É um blog pessoal sim, apenas não nego informações teóricas para escrevê-lo. Sou completamente a favor de uma teoria, ou idéia, concreta de quem entende de cinema, para então expor o que penso. Como afirmo na descrição do blog, aqui não são postadas críticas, apenas as minhas impressões. Afinal de contas, eu não sou crítico de cinema e nem pretendo ser. Somente alguém que tem um apreço grande por esta arte.
  Ah! E a minha preferência por filmes, indicações e prováveis ganhadores, é algo pessoal, como o próprio blog é e a expressão " minha preferência" deixa claro, com o auxílio enfático do pronome possessivo utilizado anteriormente ao substantivo feminino. No entanto, divido a pessoalidade do blog, na área de comentários, a vocês leitores. Eu preferir uma atriz de um filme, não quer dizer que outra de película diferente não tenha sua importância, mas apenas que uma delas me agradou
  Obrigado, e peço desculpas aos leitores que têm consciência do propósito do nosso blog, pelo esclarecimento aos desinformados.
  Att., Ricardo Montalvão.

Referências:

Um comentário:

  1. Olá

    Tô passando só pra dizer que seu blog tá muito lindo. Não tô tendo muito tempo ultimamente, mas assim que tiver vou ler os seus textos.

    se cuida


    t+

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