quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

E esse Mark, hein?

  Depois de passar uma semana em Salvador resolvendo umas coisas da minha vida, eis que o nosso blog volta a ser atualizado. E o filme escolhido para hoje é "The Social Network" (A Rede Social).
  “The Social Network” é um filme que conta a história de como o criador do então Facebook, Mark Zuckerberg, que é interpretado pelo ator Jesse Eisenberg, fez para colocá-lo em prática.
  Depois de levar um fora de sua namorada, de acordo com o que conta o filme, Zuckerberg, senta em frente ao seu notebook e começa a denegrir a garota. Nesse meio tempo, resolve criar uma enquete para descobrir quem seria a garota mais bonita da Universidade de Havard. Ele consegue, simplesmente, fazer com que a rede de computadores na universidade saia do ar e descobre a ferramenta de como fazer uma rede social e transformá-la em um sucesso estrondoso. O que ele não esperava é que com a sua fama, viriam inúmeros inimigos ligados a isso e por conseqüência alguns processos judiciais por calúnia, difamação, roubo de idéias e por aí vai.
  Isso é mais ou menos o que acontece no filme do diretor David Fincher. E então agora vamos a algumas ressalvas sobre a produção.
  O filme tem o seu ritmo bastante acelerado, muito provavelmente fazendo uma associação com a velocidade de troca de informações da internet. O problema é que logo na primeira cena, a que Mark leva um fora da sua suposta namorada, a jovem Erica Albrirht (Rooney Mara). Isso mesmo, suposta, pois de acordo com o verdadeiro Mark Zuckerberg, a estória da namorada, nunca existiu. Mas para o cinema, isso não importa muito, se o intuito é fazer um reboliço maior para que suas produções tenham êxito. Voltando à cena e à discussão, esse ritmo bastante acelerado do diálogo entre os dois atores, cansa o publico. Tudo bem que é sabido por quase todos que a velocidade da internet, num geral, é rápida, mas não precisa passar isso através de um ritmo fora do comum nas falas das personagens, não é Fincher?
  A película não aparenta ao certo se tem intuito documental ou se é biográfico. Entre idas e vindas entre passado e presente, o estilo de roteiro confunde o telespectador sem que saiba se ele é um documentário ou uma biografia. O que acaba trazendo mais cansaço e chateação durante sua exibição. Diria mesmo que quem segura o filme e faz com que o publico resolva ficar até o seu final, não só apenas pela história da criação da rede social da moda, o Facebook, mas sim falando de algo mais técnico, é mesmo a atuação de Jesse Eisenberg. Ele sim arranca elogios por toda a produção. Por mais que seja baseado em uma história real, e que talvez se pense que não há tanto a se trabalhar um ator para algo que é verídico, mas se o profissional não for muito bom no que faz, sinto muito em dizer, não adianta de nada. Jesse em sua jovialidade transparece muito bem a ironia, sarcasmo, coragem e empreendedorismo que Zuckerberg teve para se lançar no mundo cibernético como criador do Facebook. E é aí que está o bom preparo de um ator. Se Eisenberg não fosse bom em seu trabalho, como ele convenceria ao publico que é realmente o mais jovem bilionário do mundo? E como faria com que o telespectador entrasse em catarse com o conteúdo do filme e se associasse a ele? Ficam aí boas perguntas a serem respondidas por quem assistiu à película.
  O ator Armie Hammer, que deu vida aos gêmeos Cameron e Tyler Winklevoss, que foram um contraponto ao alto entusiasmo cibernético de Mark, e o chamam para que juntos criem uma rede social para os alunos de Havard. Tem sua atuação louvável, afinal dar vida a dois ao mesmo tempo, não é algo fácil. Porém, ele não arranca bons suspiros por seu trabalho. Ao passo que Andrew Garfield, que interpreta o brasileiro Eduardo Saverin, que é melhor amigo de Mark, fica em segundo lugar pelo seu trabalho. Dando vida ao que se pode dizer “cérebro” do futuro Facebook, e além de ser o real investidor da empreitada, ele auxilia e financia Mark em todas as suas idéias e põe em cheque até que ponto pode ir uma amizade verdadeira e até que ponto isso pode se tornar apenas uma forma de ascensão social.
  O dito “queridinho” Justin Timberlake, pessoalmente, não me convence nem como ator, e muito menos como cantor. Mas enfim, vamos à atuação dele. Ele dá vida a Sean Park, criador do programa Napster que dá acesso ao compartilhamento, via internet, de musicas, sem nenhum tipo de cobrança financeira. Ele foi convidado por Mark a fazer parte como colaborador de sua empreitada. Enfim para uma pequena participação na produção, ele até que atingiu as expectativas que talvez o diretor tenha tido sobre sua pessoa. Entretanto, é um papel que não, necessariamente, precisaria ser feito por ele. Outro ator faria muito bem, mesmo que não tivesse tanta experiência de trabalho.
  Embora essa produção tenha levado para casa o Globo de Ouro de Melhor Filme de Drama, Melhor Diretor, Melhor Roteiro e Melhor Trilha Sonora, e portanto pelo peso que essa premiação tem, faz com que ele seja apontado como um dos favoritos ao Oscar 2011, “The Social Network”, tirando a trilha sonora que chega perto de dar um norte, um rumo, ao filme, pelo fato de contribuir para a catarse do publico em, quem sabe, torcer a favor do herói, ou seja, aumentando ainda mais o clima de tensão para o clímax e depois, para o desfecho, não chamaria atenção para mais nada ali dentro. A narração não cronológica, juntamente com o acelerado ritmo das falas, cansa quem assiste, além de causar uma ansiedade incrível pelo o final e que o telespectador possa, então, sair da sala dos cinemas ou do seu próprio sofá. A direção, embora seja de Fincher, importante diretor de cinema, é angustiante. Você não sabe se presta atenção ao filme ou se olha as legendas para compreendê-lo. Até mesmo para os nativos ou entendedores do inglês, é difícil pensar que nenhum deles saiu do cinema entendendo exatamente todos os diálogos. Sendo mais prático, há uma necessidade terrível de contar ao máximo todos os fatos sobre a história do Facebook, num filme que só tem duas horas de duração. Se quer ser o mais fiel possível, mesmo tendo inventado a tal da namorada do Mark, fizesse um filme mais longo, certo Fincher?
  Enfim, “The Social Network” adaptação do livro “The Accidental Billionaires” (Bilionários do Ano) de Ben Mezrich, foi produzido em 2010, com direção de David Fincher, roteiro adaptado de Aaron Sorkin, direção de fotografia de Jeff Cronenweth, direção de arte de Keithi Cunnigham e Curt Beech, trilha sonora de Trent Reznor e Atticus Ross, figurinos de Jacqueline West, tem duração aproximada de 120 minutos, incluindo os créditos finais.

Texto: Ricardo Montalvão

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