quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Nos braços de Tolstoi

  Quando coloquei "The Last Station" (A Ultima Estação) para assistir, não sabia que tratava-se dos ultimos momentos de vida de Leo Tolstoi (Christopher Plummer). Apenas foi pela admiração à atriz Helen Mirren (Sophie Tolstoi). E confesso que acabei me surpreendendo com a história de vida desse escritor, como também de sua esposa.
  O filme aborda a incansável luta de Sophie Andreyevna (Sophie Tolstoi) para que o seu marido não abdicasse da riqueza de sua família em defesa do movimento Tolstoiano, movimento esse que pregava a caridade aos pobres, deixando todos os seus parentes na miséria. Toda essa briga entre o casal é gerada pela possível assinatura de um testamento em que o conde Tolstoi deixaria toda a sua riqueza para o grupo Tolstoiano, esquecendo de dar o suporte financeiro necessário aos que vivem com ele.
  A favor da condessa Sophie, esteve apenas o mais novo secretário de Leo Tolstoi, o jovem Valentin Bulgakov (James McAvoy), que foi contratado por Vladmir Chertkov (Paul Giamatti) a fim de anotar tudo que acontecesse na mansão Tolstoi e que pudesse servir de provas contra a condessa e a favor do movimento Tolstoiano, para que o seu fundador seguisse à risca os seus postulados.
  Contra Sophie Andreyevna, estavam sua própria filha, Sasha Tolstoi (Anne-Marie Duff) e o próprio Vladmir Chertokov. Ambos defendiam a plena legalidade dos ensinamentos que Leo Tolstoi sempre pregara a favor do proletariado.
  Confesso que inicialmente o filme esteve um tédio. Na verdade por quase toda a sua duração. Mas a atuação de Helen Mirren, passa a convencer o telespectador a assistí-lo até o fim. Certo, que Helen, diferente de sua atuação em "The Queen" (A Rainha), o qual deu a ela o Oscar de Melhor Atriz em 2007, estava inicialmente também um pouco intolerável em seu papel. Bastante caricata. Mas a partir da cena em que Sophie descobre que o novo testamento a ser assinado está sendo arquitetato e que todos em sua volta escondem dela, sua atuação passa merecer destaque. E daí em diante, a incrível atriz se encontra no filme e nos dá um banho de interpretação. Creio que é a partir desse momento que lhe rendeu a indicação ao Oscar de Melhor Atriz no corrente ano. Porém, particularmente, a estatueta não deveria ser mesmo dela. Isso não significa dizer que concorde com a escolha desse ano.
  O ator Christopher Plummer, esteve impecável no papel do decidido e digno fundador do movimento Tolstoiano. Ele representou muito bem a dualidade entre defender sua ideia e amar incondicionalmente a sua esposa. Nos deu uma incrível visão do que pode ter sido para o escritor viver sob essas duas pressões.
  A atriz Anne-Marie Duff, consegue convencer sua idolatria ao pai e sua aversão à mãe, quanto a lutar com unhas e dentes pelos ideais paternos. James McAvoy, vive a terrível dúvida de atender aos desejos do seu ídolo, ou aos da senhora Tolstoi, por quem tem um incrível apreço e por entender o desespero dela. Paul Giamatti, como em uma boa parte de seus papéis, ele encarna o mão-de-ferro Vladmir Chertkov, melhor amigo do conde Tolstoi e detestado pela condessa Andreyvna.
  "The Last Station", produzido em 2009, tem direção de Michael Hoffman, roteiro de Michael Hoffman e Jay Parini, direção de arte de Erwin W. Prib e duração aproximada de 118 minutos, incluindo os créditos finais.

Texto: Ricardo Montalvão

Referências:
  

Nenhum comentário:

Postar um comentário