O filme para hoje é "Há-Buah", que em inglês chama-se "The Bubble" e em português ficou "A Bolha".
O filme narra a vida de quatro jovens. Noam (Ohad Knoller) que acabara de voltar do fronte, onde conhece Ashraf (Yousef 'Joe' Sweid) que tenta entrar em Israel, e ambos se apaixonam um pelo outro. Lulu (Daniela Virtzer), uma jovem israelense que trabalha em um loja de sabonetes e divide apartamento com Noam e Yelli (Alon Friedman), este ultimo trabalha em um café e se apaixona por Golan (Zohar Liba), um rapaz homossexual que discrimina os próprios homossexuais e se intitula "não gay" por manter uma pose de heterossexual.
Ohad Knoller dá vida a Noam de uma forma sutil, delicada e vívida. Sua personagem volta da guerra, em que lá conhece Ashraf, e retoma sua vida cotidiana até que recebe, inesperadamente, a visita da personagem de Yousef 'Joe' Sweid. Diria que Ohad sustenta muito bem o filme por completo. O ator que vive Ashraf, ironicamente até lembra o ator brasileiro Roberto Bomtempo, mas enfim, ele interpreta um rapaz homossexual, filho de uma das mais tradicionais famílias da Palestina, que se apaixona por um israelense e se vê na penúria de viver clandestinamente no país do seu namorado e manter sua opção sexual escondida de sua família. No entanto seu futuro cunhado Jihad (Shredi Jabarin), que se casará com sua irmã Rana (Ruba Blal), descobre seu segredo, mas promete calar-se caso Ashraf venha a se casar com sua prima.
A atriz que interpreta Lulu, faz de sua personagem uma pessoa bastante sociável, divertida e defensora dos seus amigos, sem esquecer que é também bastante defensora dos seus direitos. Ou seja, padrões muito bem atuados de acordo com a preferência do diretor para essa personagem. Alon Friedman, que faz Yelli, segura muito bem as pontas com a sua personagem. Apaixonado por Golan, vive a jornada de conquistar o seu amor e manter também sua sexualidade escondida de sua família. Noam, Lulu e Yelli são três bons amigos, que se ajudam, seja ao dividirem as despesas da casa, ou em que cada um cuida do outro.
A fotografia do filme, juntamente com a direção de arte, trazem ao filme o medo que paira nas disputas religiosas entre Israel e Palestina, através do foco central nas cores cinza e branco, que retratam muito bem essa coisa gélida e sem esperança que cercam os habitantes desses dois territórios. A tonalidade do filme só é quebrada nas cenas do café em que Yelli trabalha, no apartamento dos três amigos e principalmente nos figurinos que que os atores Ohad Knoller, Daniela Virtzer e Alon Friedman usam.
"Há-Buah" foi produzido em 2006, com parceria entre a França e Israel, tem direção de Eytan Fox, roteiro de Eytan Fox e Gal Uchovsky, fotografia de Yaron Scharf, música de Ivri Lider, embora tenham sido acrescentadas duas músicas da cantora Bebel Gilberto, são elas "Aganju" e "Cada Beijo", para as cópias que foram distribuídas no Brasil. A duração do filme é de aproximadamente 114 minutos, incluindo os créditos finais.
Texto: Ricardo Montalvão
Referências:
Nao conhecia o filme, mas me parece muito interessante. Inclusive um ótimo tema para discutirmos no cineclube sobre o novo cinema palestino-israelense.
ResponderExcluirGostei muito do filme, embora tenha aquela cara de baixo orçamento. É até um filme longo, mas não cansativo. Ele faz a gente imaginar que os dramas homossexuais do ocidente são tão menores se comparados a dessas pessoas do oriente médio.
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