O filme de hoje é "Un Prophete" (O Profeta) que concorreu ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2010.
O filme conta a estória de Malik El Djebena (Tahar Rahim) que por agredir policiais foi preso e pegou 6 anos de prisão. Ao chegar na penitenciária, ele é obrigado pelo preso chefe da máfia carcerária a matar outro preso. Caso não mate o preso Rayeb (Hichem Yacoubi), ele mesmo será morto pelos capangas do líder que comanda a prisão, o velho César Luciani (Niels Arestrup).
Nessa onda de matar Rayeb para se manter vivo e ser protegido por Luciani e seus capangas, El Djebena, que chegara na prisão aos 19 anos, começa a aprender como mandar naquele recinto. Ele vira braço direito de César, ao mesmo tempo que começa a montar um negócio de tráfico entre ele e Jordi (Reda Kateb), conhecido na prisão como "O Cigano". Malik conhece Ryad (Adel Bencherif) que o auxilia a aprender a ler e escrever francês. E amobos tornam-se grandes amigos.
Após a saída de Ryad da cadeia, os dois mantém a mesma amizade a ponto de El Djebena ser convidado a apadrinhar o pequeno filhoe de Ryad. Essa amizade entre eles, faz com que Malik inclua seu amigo em seus planos de tráfico de hachiche, juntamente com o Cigano. Em contrapartida ele continua a trabalha para Luciani, que o faz conseguir liberação para trabalhar fora da cadeia, a fim de que nosso "herói" coordene seus negócios fora da cadeia.
E é nesse emarenhado de mandos e desmandos, gangues, golpes, tráfico e assassinatos, que a vida de Malik é feita na prisão.
Tahar Raim segura o filme durante suas quase 3 horas de duração. A trajetória de vida de sua personagem, que a princípio é medroso, lento e nervoso, dá a ele uma excelente curva dramática no enredo a fim de consagrá-lo no final do filme. E de fato ele consagra sua personagem, e consequentemente, sua principiante carreira. Outro que merece destaque em sua atuação é Niels Arestrup que interpreta o chefe da gangue carcerária com poder até no diretor da cadeia. Um senhor de seus 70 anos, durão, mafioso, poderoso que manda e desmanda ali dentro e com a ascenção de Malik, vai perdendo seu poder até tornar-se um velho indefeso. Algo bem complicado de ser aceito por quem um dia já foi rei e agora é plebeu. Adel Bencherif é outro que dá um brilho a mais no filme de Jacques Audiard. Amigo de El Djebena, trata-o como irmão e o protege atrás das grades, além de ajudá-lo a se alfabetizar. Como sofre de câncer nos testículos em estágio avançado e desacreditado, Ryad dar a Malik a incubência de cuidar de sua família após sua morte.
A trilha sonora do filme dá um show a parte em complementar e enriquecer ainda mais as incríveis seqüências fotográficas do filme. Entre rap's e musicas instrumentais, o clima de tensão e a ascensão com o sucesso de Malik, faz o telespectador se contorcer de medo e dançar na poltrona do cinema ou em seu sofá. E por mais que ele seja considerado um anti-herói, já que muda seu comportamento a fim de assegurar sua vida e toma suas atitudes com esse intuito, influência do teatro de Brecht, você passa o filme todo torcendo para que nossa personagem principal obtenha sucesso em cada uma de suas façanhas. Isso faz com que o telespectador não se envolva diretamente com o filme, não entre em catarse, e passe a refletir sobre as condições de vida carcerária e também se coloque no lugar da personagem de Tahar, pensando no que faria se estivesse no lugar dele. Temos aí mais outro princípio do teatro de Bertolt Brecht, tão mencionado nesse blog. Claro e afinal pelo apreço de quem vos fala por esse brilhante teatrólogo.
"Un Prophete", produzido em 2009, com direção de Jacques Audiard, roteiro de Thomas Bidegain, Jacques Audiard, Abdel Raouf Dafri e Nicolas Peufaillit, tem duração aproximada de 155 minutos, incluindo os créditos finais.
Texto: Ricardo Montalvão
Referências:
Muito bom. Preciso assistir!
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